Por um investimento coletivo, diversos estudiosos das mais diferenciadas formações disciplinares e teóricas, mas interligados tematicamente por fazerem do “rural” seu campo de investigação, buscaram criar um espaço próprio de discussão, propiciador de visibilidade da produção intelectual e da sistematização das tendências em curso.
Os estudos sobre a agricultura e o mundo rural no Brasil têm-se multiplicado nos últimos anos, em diversas instituições universitárias e em numerosos centros de pesquisa especializados. Entidades como Anpocs, Sober, ABA, SBS, Anpec, Anpuh, Anppas, AGB, entre outras, têm se constituído em espaço de discussão desses temas. No entanto, se a inserção naquelas instituições tem representado um aspecto extremamente positivo no sentido de estimular o diálogo entre os estudiosos de temáticas referentes ao genérico termo rural e aqueles dos demais campos temáticos das Ciências Sociais, ela, no entanto, não tem sido suficiente. Assim, cresceu a demanda por um espaço específico de intercâmbio que, sem excluir os existentes, permitisse o aprofundamento temático das discussões e das problemáticas pertinentes. Frente a isso, surgiu, a partir de um grupo de pesquisadores, a proposta de criar um espaço de intercâmbio de caráter interdisciplinar e interinstitucional, com um modelo flexível, sensível às questões emergentes no debate nacional, capaz, inclusive, de sinalizar a importância de outros temas menos abordados, evitando a cristalização de grupos de pesquisa previamente recortados.
Mediante a composição de uma coordenação provisória, constituída por Delma Pessanha Neves (PPGA/UFF), Leonilde Sérvolo de Medeiros (CPDA/UFRRJ), Maria de Nazareth Baudel Wanderley (UFPE) e Sônia Maria Pessoa Pereira Bergamasco (Feagri/Unicamp), foi realizado o I Encontro da Rede de Estudos Rurais, na Universidade Federal Fluminense, em 2006. Na Assembléia Geral desse Encontro, foram então criadas as bases e os princípios de institucionalização da Rede de Estudos Rurais e eleita a primeira diretoria, para mandado entre 2006 e 2008. Para melhor consolidar a idéia, decidiu-se pela realização de dois encontros sucessivos e anuais, sequência a partir da qual eles teriam periodicidade bianual. Assim se realizaram o II Encontro de Estudos Rurais no ano de 2007, pelo apoio associativo de pesquisadores e institucional do IFCS/UFRJ e CPDA/UFRRJ, e o III Encontro, da mesma forma, contando com o investimento de professores e pesquisadores vinculados ao Programa Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Campina Grande, em 2008. O IV Encontro será realizado pela coordenação local de representantes do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Doutorado em Meio Ambiente, da Universidade Federal do Paraná, entre 6 e 9 de julho de 2010.
Após muitos debates e manifestações de opiniões sobre a proposta, tanto em reuniões das coordenações como em assembléias e encaminhamentos de sugestões e críticas por mails, foram construídos alguns consensos sobre os princípios que até o momento orientam formalmente a constituição dessa rede de intercâmbio, a seguir sistematizados.
- ter um caráter interdisciplinar e interinstitucional, buscando atrair profissionais das mais diferentes áreas disciplinares (Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Economia, História, Agronomia, Geografia, Comunicação Social, Serviço Social etc.) e inserção institucional (universidades, centros de pesquisa, setores governamentais elaboradores de políticas públicas, organizações não-governamentais, instituições sindicais, cooperativas e associações);
- envolver interessados com diferentes níveis de formação: desde estudantes que estão dando seus primeiros passos na pesquisa acadêmica até profissionais já tarimbados;
- buscar um formato que não seja o de aceitação generalizada de trabalhos, inviabilizando a discussão dos estudos apresentados, mas que também não seja elitizado;
- lançar mão de uma combinação de reuniões presenciais e espaços virtuais, estimulando o debate no intervalo entre as reuniões, com salas virtuais de discussão, circulação de informações, produção de textos etc.;
- ter o formato de uma associação, cuja sobrevivência esteja assegurada pela contribuição dos sócios.
A Rede de Estudos Rurais, após longo processo de investimentos das diretorias no sentido de vencer as exigências regulamentares, galgou, em 2009, existência oficial.
Rede de Estudos Rurais
Endereço: Avenida Presidente Vargas, Número: 417, Sala: 909
CNPJ: 10.269.919/0001-39
Email:RdEstudosRurais@gmail.com
Coordenação para o biênio 2008-2010
Presidente: Delma Pessanha Neves (UFF)
1º Secretário: Alfio Brandenburg (UFPR)
1º Tesoureiro: César Augusto Da Ros (UFRRJ)
2º Secretário: Maristela Simões do Carmo (UNESP)
2º Tesoureiro: Luiz Henrique Hermínio da Cunha (UFCG)
Conselho de representação regional
Região Norte: Dalva Maria Mota (Embrapa/NEAF-UFPA)
Região Nordeste: Maria de Nazaré Wanderley (UFPE)
Região Centro-oeste: Joel Orlando Beviláqua Marin (UFG)
Região Sudeste:
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo: Roberto Moreira (CPDA/UFRRJ)
Região Sul:
São Paulo: Sonia Maria P.P. Bergamasco (Unicamp)
Paraná: Luiz Antonio Norder (UEL)
Rio Grande do Sul e Santa Catarina: Jalcione Pereira Almeida (UFRGS)
Estrutura e funcionamento da Rede de Estudos Rurais
A Rede tem existência social baseada em duas atividades básicas: debates virtuais e encontros bianuais.
A Rede como espaço virtual
Estamos finalizando a constituição da Rede como espaço virtual, dependendo de últimos procedimentos de registro para tornar público o site da instituição, no ambiente Teleduc, gerido pela Unicamp. Os pesquisadores foram e voltarão a ser convidados a se inscrever, mediante o preenchimento de uma ficha onde, além de dados pessoais, constam alguns elementos que permitem obter um perfil mínimo dos interessados. Após o preenchimento desse cadastro, a Coordenação da Rede analisa os dados, de forma a evitar entrada de pessoas distantes da temática central do trabalho a que a Rede se propõe. Após a aprovação do cadastro, o interessado recebe uma senha que lhe permite acessar os diversos ambientes da rede no Teleduc (mural de notícias, fóruns de debate, perfil dos participantes etc).
Tão logo o site seja oficialmente autorizado a se instalar, iniciaremos sua composição pela apresentação de quatro dossiês temáticos, um deles contemplando nossa homenagem a professora Lygia Sigaud, grande entusiasta e colaboradora da constituição da Rede que, recentemente nos deixou por falecimento. A organização desse dossiê está a cargo de Marcelo Rosa, membro da equipe de pesquisa que a professora coordenava, que convidará, na demonstração que o investimento pedagógico e intelectual que a Lygia tanto consolidou, será reproduzido, ex-orientandos dela para circulação de textos em que tal caráter seja contemplado.
Mais três dossiês estão em finalização, ampliando a circulação das reflexões que foram apresentadas pelos participantes da Mesa Redonda Espaço rural em mudança: perspectivas sociológicas de reflexão, que compôs a programação do XIV Congresso Brasileiro de Sociologia, realizado na UFRJ, entre 28 e 31 de julho de 2009.
A Rede como espaço de encontros
Por essa associação, a diretoria da Rede e os representantes locais responsáveis pela realização do próximo encontro presencial, darão continuidade a essa modalidade de agregação de sócios e interessados eventuais. O Encontro se estrutura com base em conferências, palestras, mesas redondas e grupos temáticos, atividades que deverão ser alimentadas e, ao mesmo tempo, alimentar o debate virtual.
A proposta é que esses espaços funcionem de forma integrada, de tal maneira que o debate possa se fazer de forma contínua, mobilizando o maior número possível de pesquisadores.
Para assegurarmos a circulação de temas nos gt’s e contemplar a demanda da diversidade de questões e problemáticas que vão emergindo no campo acadêmico, mas também político e estatal, estamos circulando uma convocação de concorrência pela seleção de Gt’s, cujos tema serão objeto de avaliação pela Comissão Consultiva e de Representação Regional da Rede de Estudos Rurais.
Complementarmente, as sucessivas diretorias da Rede vêm integrando a programação de outras formas associativas e de produção de seminários e congressos, como tem sido o caso nos Congressos da Sociedade Brasileira de Sociologia, da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural e da Associação Latina de Sociologia Rural, mediante proposta e realização de mesas redondas. Assim, procura-se aproveitar tais ocasiões para reafirmar interesses afins de associados e divulgar, entre outros interessados, o patrimônio de reflexão que vem sendo construído.
O evento tem como objetivo reunir pesquisadores para apresentar trabalhos relacionados ao tema: “Mundo rural, políticas públicas e atores em reconhecimento político”. Nesse sentido foram organizadas palestras, mesas de discussão e Grupos de trabalhos que discutirão o tema a partir de diversos subtemas, definidos pela organização do evento e pelas propostas de grupos de trabalhos apresentadas pelos associados. Considerou-se central abordar o tema geral do evento considerando duas perspectivas: a perspectiva dos atores e a perspectiva das políticas públicas. No caso dos atores os pesquisadores foram convocados a apresentar trabalhos sobre diversos atores do mundo rural, como camponeses, agricultores familiares e povos tradicionais de modo geral. No caso das políticas públicas o debate contempla a formulação de políticas públicas avaliação e consequências, bem como os aspectos relacionados ao papel dos consultores.